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18.4.07

MEMORIA


Nos últimos tempos, temos assistido a uma tentativa de lavagem do que foi a gestão ruinosa desta sociedade a que chamamos Portugal, no consulado do Engº. António Guterres. São agentes dessa tentativa de lavagem, essencialmente, e como lhes compete, os principais responsáveis do Partido Socialista. E esse facto sugere-me alguns momentos de reflexão que quero partilhar consigo, Caro Leitor.

Em primeiro lugar, compreende-se a atitude daqueles responsáveis. Devem preparar-se para alternar com os Partidos que, actualmente, estão no Poder. E não podem fazê-lo sem adoptarem tal atitude de lavagem. Nunca voltariam a ser Poder, os Socialistas, se não ultrapassassem as feridas do passado. Mas devemos convir que lhes ficaria muito bem reconhecerem o desastre que a governação guterrista foi. Um desastre de que levaremos alguns anos a recuperar, se é que alguma vez isso acontecerá.

Em segundo lugar, creio que os tais responsáveis têm razão quando dizem que o actual Governo deveria acabar de falar na terrível herança que lhes foi deixada pelos antecessores. Não poderemos traçar os caminhos do futuro se estivermos sempre e apenas a lamentar o passado. Era bom que, agora, quando já não restam dúvidas sobre a quem cabe a responsabilidade do difícil momento que, enquanto Pátria, vivemos, começássemos a falar mais do futuro que queremos, do sítio para onde caminhamos.

Por fim, a reflexão suprema. Tido em conta que os socialistas estão numa contra-ofensiva destinada a lavar a nódoa de que dificilmente se livrarão, pelos erros cometidos. E tido em conta que o Governo actual deveria falar mais no futuro do que no passado, pelo que disso necessitamos. É que nós, os principais sofredores dos sacrifícios que há que fazer, não podemos esquecer-nos do sucedido. Da gestão rigorosa dos tempos de Cavaco Silva, deixamo-nos embalar pelo canto da sereia e escolhemos outros caminhos. Só que a sereia virou tubarão e enguliu todas as oportunidades que tivemos ao longo de seis longos anos de gestão ruinosa. E, agora, aqui estamos, olhando para a mesa vazia. Quando os especialistas dizem que não há modo de enganar a economia, é precisamente a isto que se referem. Pode um Governo qualquer esconder o sol atrás da peneira e possibilitar uma política em que se gasta mais do que se tem. Mas, tal como sucede nas nossas casas, quando isso acontece, o resultado é a fome depois.

É por estas razões que, embora compreendendo a tentativa de lavagem dos socialistas, eu entendo que não podemos esquecer o que aconteceu. Porque, se esquecermos, andaremos para sempre andrajosos, ainda que, de vez em quando, possa parecer que estamos à mesa do rei.

Crónica A CONTRA-OFENSIVA - Magalhaes Pinto - "Matosinhos Hoje" - 19/1/2002

(Imagem Wikipedia)

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