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31.7.07

PENSAMENTO DO DIA (II)


A maravilhosa viagem de um imposto. O "selo do carro". Começou para podermos ter auto-estradas. Serviu, depois, para fazer caminhos municipais. Passou a sustentar a megalomania de muitos autarcas. Termina agora a ser cobrado independentemente do seu carro andar, não andar e, até, de já não existir. O melhor mesmo é fazer uma revolução sempre que surja um novo imposto, nem que seja sobre a compra de tremoços...

PENSAMENTO DO DIA (I)



Se vingar a quebra do sigilo bancário sempre que o Contribuinte reclamar, acrescentaremos ao Estado mais uma "qualidade" inestimável: a de chantagista...

FRASE DO DIA


"Onde está o Marques Mendes de princípios que rejeitou autarcas ganhadores?

Paulo Ferreira - "PÚBLICO" - 31/7/2007

***

Depois dos seus princípios terem "ganho" em Lisboa do modo que se viu, o melhor mesmo é começar a pensar nos fins!...

MEMORIA

Estamos em Agosto. O meu Caro Leitor está provavelmente de férias. E eu também. Um tempo que não convida a pensar muito. A não ser ao Dr. José Sócrates (não sei se já reparou com que magníficos pensamentos ele nos presenteia nesta época estival). Assim, o melhor é reduzir a nossa conversa de hoje aos parâmetros que enformam uma conversa de café. Ou melhor, de cervejaria, se o tempo deixar. Com tremoços a acompanhar, que o marisco está a preços do Euro/2004. Aliás, foi o tempo deste início de Agosto que me levou a pensar que este Governo está abençoado e vai levar isto na maior. Quando toda a gente se quexava da falta de meios para combater os incêndios, eis que desabam chuvas diluvianas para contrariar os incendiários. Não sei se está a reparar, meu Caro Leitor, neste Governo a jacto. Depois de aquecidos os motores, na lenta reflexão do Senhor Presidente da República, este Governo acelerou. Formado em tempo recorde. Tomou posse em tempo recorde. Conseguiu esse feito miraculoso de demitir um Secretário de Estado e fazê-lo ocupar outra pasta durante o curto tempo da tomada de posse. Decidiu o caso GALP em dois tempos. Acabou com a guerra maioral na TAP, que já se arrastava há mais de dois anos. Vai modificar a Lei do Arrendamento, que já tem mais de cem anos. E, quando toda a gente clamava pela falta de meios para lutar contra os incêndios florestais, arranjou maneira de se entender com o S. Pedro e ponto final nos ditos. Para o ano há mais. Aqui para nós, acho que a Oposição não tem pedalada - desculpe o termo, Caro Leitor, mas também é tempo de ciclismo - para este Governo. Não se safa na montanha. Não se safa no contra-relógio. E começo a desconfiar que não se safará nem mesmo no sprint. A Oposição, claro.

É Agosto. O melhor é cavaquearmos, em lugar de reflectirmos. Por exemplo, peguemos no caso da Lei do Arrendamento. E das casas degradadas. Como está, não serve. Uma coisa justifica a outra. Não sei se é a degradação das casas que justifica as rendas baixas. Ou vice-versa. Claro que os argumentos usados para manter as rendas baixas - a incapacidade de muitas famílias para pagar mais - tresanda a falsidade. Com a agravante de que, ao que tudo indica, se irem manter tais argumentos. Imagine o meu Caro Leitor esta situação. Somos vizinhos. Um do outro e os dois de uma família velha e pobre. Você tem uma casa arrendada há muito tempo ao nosso vizinho pobre. E eu não tenho. Porque eles são velhos e pobres, Você não pode aumentar a renda. Significa isso que o meu Caro Leitor paga um imposto adicional específico para ajudar a manter aquela família. Eu, seu vizinho e também vizinho dela, não pago nada. Há aqui uma situação de injustiça entre nós dois, na qual Você sai prejudicado. O normal seria o meu Caro Leitor receber a renda justa pela sua casa arrendada e o Estado - ou seja, nós dois - atribuir um subsídio de renda de casa àquela família. Assim, pagávamos os dois. Pela via do congelamento das rendas só paga o meu Caro Leitor. Do mal o menos, digo eu. Agora, só espero que o Governo, que mexe na Lei para acabar com as casas degradadas, não permita aos senhorios das mesmas que aumentem a renda sem des-degradar as casas. Isto é. Na minha opinião, se há obras de recuperação, muito bem, mexa-se na renda. Se não há, que se lixem as rendas!

É Agosto. O Algarve está às moscas. Isto é uma maneira de dizer. Está muita gente. Quase só portugueses. Para quem esperava mundos e fundos do Euro, isto está uma desgraça. Tenho dito muitas vezes que estávamos a matar a galinha dos ovos de ouro. Tenho que corrigir esta afirmação. No Algarve, já temos prontinho o arroz dourado de cabidela. Falta só servir à mesa. Diz o meu primo Calisto - episodicamente a acompanhar-me nestas férias - que bendito seja o Algarve. "Foi a primeira região do país a resolver o problema da habitação! Há casas para toda a gente!". Eu bem lhe digo que estas casas não são para os moradores dos bairros de lata. Diz ele para eu esperar um bocadinho. Por agora, ainda só estão a oferecê-las ao preço da chuva aos potenciais turistas. "Deixa passar o Verão, primo, e vais ver como começam a arrendá-las aos locais". Esta conversa do meu primo deu-me uma ideia luminosa. Que eu ofereço gratuitamente ao Doutor Santana. Como ele está numa onda de deslocalização, pode criar um programa de incentivo à deslocalização dos moradores dos bairros de lata e dos sem-abrigo, do país todo para o Algarve. É daquelas medidas que eu chamo quadradas. Resolve dois problemas de uma vez. Acaba com o problema de gente sem habitação no resto do país e com o problema de habitação sem gente no Algarve.

É Agosto. A malta foi de férias. Grande parte dela para a estranja. Com tanta gente a viajar, é natural que surjam problemas de trânsito. De vez em quando, lá fica em terra uma mão cheia de turistas. Chovem, então, as reclamações. Mas eu pergunto-me que direito tem a maior parte para reclamar. Como, por exemplo, aqueles que se sentiram mal servidos porque compraram uma segunda semana de férias na Turquia e as coisas correram mal. Esquecem, esses, que só pagaram UM EURO por essa semana adicional num hotel. Que julgará essa gente? Que há milagres ou que alguém está disposto a pagar as suas férias? Esta história faz-me lembrar aquela do vigésimo premiado que o senhor vigário comprou. Tanta culpa tem quem conta a história como quem se deixa envolver por ela.

É Agosto. Um dos benefícios disponíveis, sobre o qual ainda não há notícia venha a ser eliminado. Para já, apenas se prevê o corte de alguns dos benefícios fiscais. Que não se canse a mão do Senhor Ministro das Finanças. Há muitos benefícios fiscais que não têm razão de ser. E há que fazer um esforço muito grande no sentido de simplificar o IRS e o IRC. O meu primo Calisto - essa inefável subconsciência minha que nunca me abandona nestas ocasiões - diz que isso deve ser obra do novo Director-Geral das Contribuições e Impostos. O raciocínio do meu primo é linear. "O homem ganha para cima de um dinheirão. Ou arranja compensações ou será o responsável pelo desequilíbrio orçamental e mais dois anos de cinto apertado. O mínimo que pode fazer é poupar ele noutros sítios o que nele outros gastam". Mas eu sei que isto é boca do meu primo. Director Geral não tem essa competência. Melhor. Não tem competência para isso. Para cortar nos benefícios. Mas o facto de eu saber isto não evita os maledicentes. Daí que é melhor que quem tem competência venha à praça e assuma que o custo dele é para ficar. Não há nada pior para o descrédito dos Directores Gerais do que insinuar-se que vai ser revista a sua posição e depois ficar tudo na mesma.

É Agosto. Um mês feito para descansar. E eu acho que já o cansei demasiado, meu Caro Leitor. Vamos ficar por aqui. Aproveite e tome aí um bom banho de mar. Mas, já agora, esforce-se por justificar, Você também, o gasto dos dinheiros públicos. Não deixe isso só para o Governo. E, se tomar banho, tome numa praia com bandeira azul. Sempre justifica o dinheiro gasto pela respectiva autarquia para a ter. Boas férias.

Crónica AGENDA DE FÉRIAS - Magalhães Pinto - 2/8/2004 - "VIDA ECONÓMICA"

PERGUNTAS SEM RESPOSTA


Quanto custará o preenchimento do lugar que falta a António Costa para poder governar Lisboa sem ter o Zé à perna?

A DUVIDA - 140º. fascículo

(continuação)

Deram-nos alguns comprimidos. Para tomar se houvesse temperatura, uns. Se houvesse hemorragia, outros. Saimos. Fomos para casa. Faltei ao jornal, prevenindo pelo telefone estar doente. A meio dessa noite, Maria do Céu entrou a arder em febre. Dei-lhe os comprimidos recomendados. Cerca de uma hora depois, o lençol tingiu-se de sangue. Primeiro umas pequenas nódoas. Daí a instantes, um lago. Ficou muito pálida. Comecei a perder o norte. Quando desmaiou, decidi não esperar mais. Chamei uma ambulância e levei-a para o Hospital de Santo António. Os médicos de serviço quiseram saber a razão da hemorragia. Contei, sem dizer onde tinha acontecido. Levaram-na de urgência. E chamaram um polícia ao mesmo tempo, para falar comigo.

Evasivamente, fui respondendo ao questionário, impessoal e interminável, do agente de turno na esquadra, até começar a retinir o telefone. Dolentemente, o agente interrompeu o seu diálogo comigo. Foi atender. Dois monossílabos ininteligíveis para o bocal. Ao desligar, virou-se para mim com uma expressão simult‰neamente compreensiva e grave. Arranjaram a bonita! A sua mulher acaba de morrer com a hemorragia. Os médicos não foram a tempo...

Calei-me. Não respondi a mais nada. O peso do mundo desabara sobre mim. Provavelmente, o mundo de Maria do Céu. Jogara com ele ao ar, como uma criança caprichosa joga uma bola, e recebera-o de volta. Em cheio. Na cabeça. Na alma. Esmagando todo o meu ser. Nessa noite, não consegui adormecer na cela.

(continua)
Magalhães Pinto

SORRISO DO DIA

Campismo num arranha-céus...

30.7.07

FRASE DO DIA


"A convocatória desta assembleia geral (BCP) pode ter efeitos perversos no sector financeiro."

Jardim Gonçalves - "PÚBLICO" - 30/7/2007

***

Eu sempre suspeitei que havia alguma perversidade para aqueles lados...

PENSAMENTO DO DIA



Desde Janeiro deste ano, há, só no distrito do Porto, mais 1.146 famílias POR MÊS, a cair abaixo do nosso (limitadíssimo) limiar de pobreza. O despertar da Demagogia vai ser extremamente doloroso...

PERGUNTAS SEM RESPOSTA



O eucalipto - foi assim que Vicente Jorge Silva chamou a José Sócrates - corre algum risco com os fogos de Verão?

CRONICA DA SEMANA


Creio que o mesmo se passa com todos os Partidos. Ao perder o Poder para outro Partido, demais a mais sem grandes esperanças de voltar ao Poder nos tempos mais próximos, desaparecem os bons candidatos a líder. É o tempo em que o comando do Partido é entregue a figuras secundárias, que se vão desgastar durante o intervalo de tempo em que o ganhador não começa a perder a simpatia dos cidadãos.
Julgo que é isso que está a passar-se no PSD. De alguma maneira, Marques Mendes não é o que poderíamos afirmar ser um grande líder. Sem carisma, sem figura física, é daqueles políticos que, quando falam, a gente quase não liga. Por contraste com outros – por exemplo, o Mário Soares dos bons velhos tempos – que, mesmo que estejam mentindo, o povo acredita piamente neles. Dificilmente Marques Mendes chegará a Primeiro-Ministro de Portugal. Embora, como já vimos quando Guterres fugiu e quando Santa Lopes caiu, que, por vezes, o que importa é estar no lugar certo à hora certa. Que o digam Durão Barroso e José Sócrates, ambos com muito poucas qualidade para serem Primeiros-Ministros do país.
Os resultados das eleições em Lisboa determinaram a necessidade de realizar eleições no PSD. Mais como táctica de defesa do actual líder do que porque elas venham a ser úteis para o País. Que não vão ser. Aliás, basta ver os candidatos à liderança do PSD que se perfilam. De um lado, o já conhecido Marques Mendes. Do outro, uma personalidade que conheço muito bem, por ter sido seu Vice-Presidente na Distrital do Porto. Luís Filipe Meneses. Sem negar o excelente trabalho que tem feito à frente da Câmara de Gaia, não acho que seja um bom líder para o PSD. Faltam-lhe, para isso, as qualidades morais que deve ter quem, teoricamente, pode vir um dia a governar o país. Além disso, está longe de ser um elemento aglutinador no PSD. E a sensação que tenho é a de que o PSD ainda não terminou de resvalar. Começou a descer e continua descendo.
Apesar disso que deixo dito, convém não esquecer uma coisa. É que, seja lá pelo que for, Luís Filipe Meneses é um ganhador. Não me recordo de que haja perdido qualquer eleição a que, no partido ou fora dele, se tenha apresentado a sufrágio. Donde, apesar de todos os meus pensamentos negativos, tenha sempre presente de que ele pode causar uma surpresa. A ver vamos. Embora seja meu convencimento de que, seja eleito quem for, o PSD continuará descendo, até que alguém como Manuela Ferreira Leite venha a decidir ocupar o lugar agora em eleições.

Crónica DESCENDO - Magalhães Pinto - "MATOSINHOS HOJE" - 30/7/2007

A DUVIDA - 139º. fascículo

(continuação)

Demoraste cerca de meia hora a recuperar do teu sono artificial, Maria do Céu. A padiola havia sido retirado do carro e pousada no chão. A teu lado, sentado no chão também, por inexistência duma cadeira, olhei a tua palidez adormecida. Senti-me um monstro. Verti lágrimas de sangue, que não pudeste ver. Peguei-te na mão inerte, quase gelada, encostei-a às minhas lágrimas, a correrem silenciosamente, em fio, levei-a aos lábios e depositei nela um beijo, desejando-o de redenção. Por instantes, atravessou-me o espírito, como uma seta dolorosa, a ideia de que podias não acordar. Esfreguei a tua mão nas minhas, numa tentativa vã de a ela fazer regressar o sangue chamado a outras paragens, quem sabe se ao depósito tecnológico de embriões sugados. Ao fim dum século, entreabriste lentamente os olhos. Tonta, sem saberes onde estavas. Porque estavas. Olhaste para mim. Pareceste não me reconhecer. Não sei se notaste o lampejo de alegria no meu olhar de vidro feito pelo choro. Estavas de volta. Agarrei-te as duas mãos e meti-as no interior do meu casaco, junto ao peito. Queria senti-las quentes, como quando me fazias carícias de amor, lá no Mindelo. A minha alegria não durou senão alguns instantes, muito breves. Como um chicote, a tua pergunta, empastelada mas perceptível, vergastou a minha consciência, já então a sentir-se culpada. Uma pergunta tanto mais impiedosa quanto eu sabia brotar dos restos da tua inocência sofrida. Que fizeste do meu mundo?... Que fiz do teu mundo, Maria do Céu?... Uma vez ainda, não questionavas o que tinha eu feito de ti. Mas sim do teu mundo.

(continua)

Magalhães Pinto

SORRISO DO DIA

Há qualquer coisa errado com este capacete... Será que é a mulher?...

29.7.07

Calvados

A DUVIDA - 138º. fascículo

(continuação)

Passados uns três minutos, Maria do Céu tinha adormecido. Entrou no gabinete um médico, acompanhado duma enfermeira. Nem saudaram. Enfiou um par de luvas de borracha, gestos decididos de quem sabe o que vai fazer e quer fazê-lo depressa. A enfermeira descobriu Maria do Céu, sacando a toalha e atirando-a para um cesto. Agarrou-lhe nos pés e assentou-os no repouso obstétrico, escachando as pernas. O cenário ganhou um tom obsceno, com os orgãos genitais de Maria do Céu expostos daquele modo. Eu quase tinha receio de respirar, subjugado pelo espectáculo inusitado, esperando ver dali surgir, a qualquer momento, a cabeça do Miguel. O médico aproximou-se, ladeado pela enfermeira. Nas mãos desta, uma bandeja, na qual se alinhavam vários instrumentos brilhantemente cromados, como carros de assalto à espera do início do desfile.

Perdi a noção do tempo. Hirto, olhava os gestos mecânicos do médico, firmes sem serem bruscos, como se se tratasse da passagem dum filme em câmara lenta. Introduziu o dedo médio da mão direita na vagina de Maria do CŽu, para uma apalpação. Pediu o espéculo à enfermeira, ajustou-o e começou a abri-lo, falo monstruoso de metal em erecção bizarra. Procurou o focinho de tenca uterino e localizou a porta do canal cervical. Pediu laminárias à enfermeira. Um número que não entendi. Esta deu-lhe a mais fina. Com algum cuidado, introduziu-a no útero de Maria do CŽu. Aguardou um pouco. Retirou-a. Pediu outra. Mais grossa. Outra. Outra ainda. Sempre mais grossas. Cópula monstruosa em ritmo de paquiderme. As laminárias saíam do útero mais grossas do que haviam entrado. Inchavam lá dentro, como se lhe quisessem rebentar as entranhas. Aspirador. A enfermeira chegou-lhe um pequeno aparelho de ponta fina, com um motor eléctrico já a funcionar, num ruidoso orgasmo invertido. Gulosa, a máquina sugou tudo o que encontrou no seu caminho. O médico lavou tudo com um líquido antisséptico. Retirou o espéculo. Pronto... Levem-na para a sala de recuperação e façam entrar a próxima... Linha de desmontagem de vidas embrionárias. Em plena actividade. A racionalização da produção também tinha chegado à sua destruição. Acompanhei a padiola rolante na qual Maria do CŽu foi transportada para um pequeno cubículo, onde apenas cabíamos os dois.

(continua)

SORRISO DO DIA

Neste modelo, os airbags não vêem instalados no veículo...

PERGUNTAS SEM RESPOSTA



O posicionamento do BPI ao lado de Jardim Gonçalves, na Assembleia Geral do BCP, chama-se "solidariedade institucional"?

PENSAMENTO DO DIA



Os USA vendem 209 mil milhões de dólares de armas ao Médio Oriente. Deve ser para defesa do dólar...

FRASE DO DIA (II)


"É disto (mais 5.400 camas no Algarve) que o país precisa."

José Sócrates - "PÚBLICO" - 29/7/2007

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Eu já sabia que ele queria ver-nos a dormir... mas não sabia que era tanto e tantos...

FRASE DO DIA (I)


"A minha direcção discordará sempre dos governos insensíveis ao sofrimento concreto dos portugueses."

João Carlos Gouveia (novo líder do PS na Madeira)- "PÚBLICO" - 29/7/2007

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Alberto João Jardim já tem sucessor...

Toto Cutugno L`Italiano

A DUVIDA - 137º. fascículo

(continuação)

Na altura, não me lembrei disso, Maria do Céu. Mas, não resisto a perguntar-te. Quando penso no teu pudor, estendido na cadeira do médico, encontro mais um enigma indecifrável. A que era devida aquela vergonha, visível, quando estavas estendida na cadeira do consultório? Que diferença havia entre mostrares o teu sexo àquele homem, apenas profissionalmente interessado nele, e os muitos - quantos, Maria do CŽu?... Cem?... Mil?... Dez mil?... - que para ele tinham olhado com concupiscência? Tão só porque, para a rapariga de Rala, o trabalho não envergonhava, fosse ele qual fosse?


O anestesista pegou numa seringa e encheu-a cuidadosamente com o líquido duma ampola. Esticou um garrote entre as mãos, como um carrasco a experimentar o instrumento de morte, e apertou-o vigorosamente em redor do braço esquerdo de Maria do Céu. Corda de forca a estrangular a vida de dois seres, naquele instante. Picou-a duas ou três vezes, num jogo de escondidas com as ténues veias de Maria do CŽu. Descanse, tranquilize-se, que não vai doer nada, vai tudo correr bem. As frases do anestesista soavam a falso, naquela circunstância.

(continua)

SORRISO DO DIA (28/7/2007)

Miopia oriental...

PERGUNTAS SEM RESPOSTA (28/7/2007)



Os novos projectos empresariais de que fala José Veiga, agora saído do Benfica, serão a orientação das contratações no Sporting?

PENSAMENTO DO DIA (28/7/2007)


José António Saraiva nega, no "SOL", que Portugal venha ser politicamente absorvido pela Espanha, como disse Saramago, embora aceite como um facto inevitável, a absorção económica. Como se a independência política servisse de alguma coisa sem a independência económica.

(Imagem de publico.clix.pt)

FRASE DO DIA (28/7/2007)


"O Estado não é credível. As pessoas sentem que o Estado não é pessoa de bem."

Maria Belém - "ANTENA UM" - 28/7/2007

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Fala quem sabe e é, tem sido e continuará a ser, de algum modo, Estado...

27.7.07

A DUVIDA - 136º. fascículo

(continuação)

O comando veio em voz de surdina, mas imperiosa. Dispa-se da cintura para baixo e deite-se nessa cadeira. O mais confortavelmente possível, Maria do Céu cumpriu a ordem como se já estivesse anestesiada. Procurai ajudá-la, mais com o intuito de me interpor entre o anestesista e ela do que com o sentido de utilidade. Ajudava-a pela primeira vez a despir-se sem ser para um acto de amor. O aspecto de Maria do Céu seria imensamente ridículo, se não fosse indigno. Pelo tempo de vida de um fósforo, arrependi-me de ter chegado ali. Arrependimento logo silenciado pela recordação de Paris. Deitou-se na cadeira, pernas estendidas, cerradas, levemente sobrepostas, numa tentativa vão de esconder o púbis. Peguei num pequeno lençol, de dois ou três que estavam na marquise ao lado, e estendi-lho sobre o ventre, pequeno tecto para tanta vergonha.

(continua)
Magalhães Pinto

SORRISO DO DIA

A utilização nunca pensada pelo inventor do automóvel...

PERGUNTAS SEM RESPOSTA

As grades colocadas pela GNR de Albufeira no seu quartel são para impedir os guardas de sair ou o criminosos de entrar?

FRASE DO DIA


"O país está cada vez mais longe das metas do Plano Nacional de Saúde (relativamente à luta contra a Obesidade)."

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Só nessas?...

PENSAMENTO DO DIA (II)


Na praia, folheio, distraído, duas revistas de fim de semana, das ditas "de fofocas". Duzentas páginas em grande parte cheias de gente com a mesma profissão: frequentador de festas. Aqui e além, intercaladas por fotos alegres de tristes cadáveres adiados...

PENSAMENTO DO DIA (I)


A privatização dos notários - e os investimentos induzidos que estes tiveram que fazer - seguida do esvaziamento da sua função, através do SIMPLEX. é o maior logro da História desde o Cavalo de Tróia.

(Imagem de arzy.kit.net)

26.7.07

A DUVIDA - 135º. fascículo

(continuação)

Chamaram por Maria do Céu. Levantou-se penosamete, a contrastar com a minha ligeireza nervosa. De início, não me queriam deixar entrar na, pomposo nome, sala de operações. Mas insisti com firmeza, intitulando-me marido. A minha decisão calou resistências. A clandestinidade do acto exigia descrição e ausência de conflitos. Acabaram por permitir. A recepcionista introduziu-nos naquilo que era apenas um consultório. Quade nu- Uma secretária. Com uma taça de vidro, dentro da qual se encontrava uma luva de borracha prenunciadora da função, arrumada a um canto. Uma cadeira obstétrica, com o repouso dos calcanhares erguidos para o céu, como duas mãos numa prece. Um armário, com alguns frascos e instrumentos metálicos dentro. Um candeeiro, de luz difusa mas forte, pregado no tecto. Fixei-o longamente, atraído por aqueles dois olhos luminosos, a olhar para nenhures, testemunhas silenciosos dum acto criminoso, mas necessário. Um homem, de bata branca a justificar o preço da intervenção. Anestesista, vim a saber depois. Um fantasma, pensei eu, quando tardiamente dei pela sua presença.

(continua)
Magalhães Pinto

SORRISO DO DIA

Eis uma jogada não prevista no Kamasutra...

PERGUNTAS SEM RESPOSTA




Se o BPI for à assembleia das "facas longas", no BCP, vai de arma branca ou leva um canhão?

PENSAMENTO DO DIA


A direita sociológica, em Portugal, está órfã. Ainda acaba por arranjar um padrasto ou uma madrasta...

FRASE DO DIA


"São cada vez menos os que chegam aos tribunais com as suas acções (devido à carestia da Justiça)."

Domingos Lopes - "PÚBLICO" - 26/7/2007

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Todas as moedas têm duas faces. Com este fenómeno, um bom Governo pode anunciar: "Está a diminuir a conflitualidade em Portugal!...

(Imagem de riogrande.com.br)

25.7.07

CRÓNICA DA SEMANA (II)


As últimas eleições intercalares para a Câmara de Lisboa mostraram como é frágil a nossa Democracia, palavra que, afirme-se sem reticências, significa o “governo do povo”. Como com qualquer outra atitude, o “povo” quis dizer alguma coisa com o seu comportamento. Mas fê-lo de modo tão hieroglífico que se presta a mil e uma interpretações. Correndo esse “povo” o risco de que a “cracia” vá à revelia do que pensa e quer o “demo”. O que torna a disciplina da educação cívica a mais urgente de ser transmitida, ensinada, desenvolvida, inculcada, incrustada na alma das pessoas. Só há um modo de a “democracia” funcionar em pleno e com ampla satisfação da vontade colectiva: é afirmando claramente o que se quer. Os Portugueses não podem alhear-se das eleições e, depois, a propósito de tudo e de nada, saltar para a rua para fazer manifestações, vaiar os políticos, dizer de modo desorganizado e sempre imperfeito e incompleto, aquilo que pretendem. É no voto que está a mais poderosa arma dos cidadãos e é o voto a arma que os políticos verdadeiramente temem. Há políticos que até gostam de manifestações. Porque há sempre uma reportagem à espera de uma manifestação onde o político se pode mostrar e explicar. E não há nada que mais agrade ao político, especialmente ao “vencedor”, do que a abstenção. O político “vencedor” sempre interpretará a abstenção como uma carta branca para fazer o que quiser. O que, obviamente, é um perigo.
Perigo porque, administrando sem correntes, o político pode – e a maior parte das vezes consegue – deteriorar, de modo irreversível, o quadro futuro. Atente-se na actual situação financeira do país (ou da Câmara de Lisboa, tanto dá). Os actuais governantes são muito pouco responsáveis pela actual situação. Os “culpados” hão de encontrar-se no passado, nos anteriores governantes, na delapidação dos recursos que, desde a nossa adesão à Comunidade, “choveram” sobre o país. Fraudes, corrupções, usos megalómanos e, por isso, pouco úteis, más opções, liberalismos sociais inomináveis, tudo isso nos conduziu ao ponto onde estamos. Com esta notável consequência: a maioria desses responsáveis “abandonou-nos” depois dos estragos feitos e foi ocupar cargos bem remunerados – noutras instituições de grau superior ou no sector privado – deixando as dores de cabeça para nós. O político não é responsável por nada. Toda a sanção condenatória de que pode ser objecto é uma derrota nas urnas. Isto, se não se escapar atempadamente, como aconteceu com António Guterres e Durão Barroso (por vontade própria) ou com Santana Lopes (por vontade alheia). Mas essa sanção não é nada. Pode beliscar o orgulho do político derrotado e corrido, mas em nada ameniza nem os estragos que produziu nem a má situação que legou.
É por ser assim que há uma condição essencial na democracia, na qual muita gente não atenta convenientemente. O que é outro perigo, naturalmente. Não se pode ficar à espera das próximas eleições para sancionar, aprovar ou reprovar a acção de um governante. Durante a governação, ainda que por nosso mandato, a vida social, isto é, as relações dos cidadãos com o Poder, tem que estar assente num conjunto de princípios básicos, os quais constituem os pilares básicos da vida democrática. “Uma espécie de constituição não escrita – tão importante ou mais do que aquela que está impressa no papel – que é a nossa cultura política, uma série de normas de conduta baseadas no pluralismo, na tolerância, na transigência, na capacidade de diálogo, no respeito pelas leis, na limitação y controlo dos actos do Poder.” (Pedro J. Ramirez – Cartas del Director – La Esfera de los Libros – 2005). Basta um relance pela enumeração de Pedro Jota para verificarmos como pobre é a nossa democracia. Cultura política não há. Pluralismo vai havendo, mas são visíveis os esforços dos políticos, sobretudo dos que detêm actualmente o Poder, para o restringir. Tolerância é talvez o que mais vamos tendo por aqui. Transigência já foi demasiada, agora é praticamente inexistente. Capacidade de diálogo está a desaparecer. Respeito pelas leis só com polícia à esguelha. Do controlo e limitação dos actos do Poder, estamos a caminho do nulo. Maioria manda, dizem, sem rebuço, os detentores do Poder.
Este estado de coisas é, presentemente, mais visível do que nunca. Cuja responsabilidade tem que assacar-se, sem margem para dúvidas, ao actual Primeiro-Ministro. Ele não pode desconhecer que a sua atitude é determinante para a definição da atitude de toda a estrutura de poder que lhe está subordinada. Também no Estado, é o Chefe que, com a sua atitude, determina o comportamento da “empresa”. E José Sócrates tem muitos, demasiados, tiques de déspota iluminado. Há indicadores verdadeiramente antológicos. Desde logo, o modo como se irrita quando é contraditado. Acredita piamente na bondade de todas as suas propostas e fica desesperado se alguém se atreve a colocar em dúvida essa bondade. Quando lhe faltam argumentos para a defender, reduz-se à acusação de que os outros, antes dele, fizeram pior. Como se a maldade dos outros pudesse justificar uma eventual maldade sua. É totalmente desprovido de flexibilidade. E raramente transige. Condições que se virarão, irremediavelmente, contra ele, por mais que as suas propostas possam ser duras mas correctas. É o que se chama “falta de cintura política”. E acrescenta à sua atitude – se não pessoalmente, através dos seus ministros – uma vertente verdadeiramente detestável e perigosa: quer controlar a informação. Um déspota iluminado clássico não faria melhor. O que é, obviamente, o maior dos perigos.
Tenho para mim uma dúvida essencial: virão a evolução política, o desenvolvimento do sentido crítico, a disponibilidade para apoiar o que pode tornar melhor a nossa sociedade, numa frase curta, uma cultura democrática “adulta”, a tempo de nos conduzir ao seio dos países desenvolvidos? Tenho muitas dúvidas. E receio pelos perigos que se amontoam sobre a democracia portuguesa. Repito, não porque tenha medo do aparecimento de um qualquer Salazar. Mas porque há mil modos de limitar a democracia a meia dúzia de aspectos formais, sem que, todavia, ela seja vivida de modo intenso, completo, eficaz e compensador. Por isso, estas reflexões em voz alta. Despidas de partidarismos. Vestidas apenas com o desejo de contribuir, do modo que melhor puder e souber, para a felicidade futura do meu Povo. Uma felicidade que se torna cada vez mais longínqua e que parece cada vez mais inacessível. Oxalá saibamos todos esconjurar os perigos. O que exige que ninguém se abstenha.

Crónica OS PERIGOS - Magalhães Pinto - "VIDA ECONÓMICA" - 26/7/2007

A DUVIDA - 134º. fascículo

(continuação)

Também o teu rosto denunciava medo, Maria do Céu, por mais que tentasses mostrar-te à altura da minha determinação. Os dias decorridos, desde a confusão dos acontecimentos de Paris até à realização do aborto, tinham sido penosos. Quase não nos falávamos. Nem um sorriso. Nem um gesto de gentileza mútuo. Como se fôssemos conspiradores em véspera de revolução, com receio de serem identificados. Tinha-te exigido, passar que fora a emoção daqueles momentos, a interrupção da gravidez. Aceitaste a minha exigência com facilidade. Salvo na véspera. Não entendi. Afinal, já tinhas decidido fazê-lo. E, embora as razões da nossa decisão comum fossem diferentes, também achavas não poder ficar com um filho de quem não sabias o nome do pai. Penso ter sido mais por medo do que por consciência da qualidade moral do acto que ias praticar. Desculpa... que íamos praticar. Mas não sei, confesso-te não saber se este meu convencimento é determinado ou não pelo meu receio de teres sentido, no último instante, um rebate de consciência maternal. Agravando as minhas penas de agora. Foi quase um murmúrio, um suspiro, aquela tua interrogação, Deves ter pensado que eu não ouvira, porque não me dei tão só ao trabalho de um comentário.., fosse ele de recusa. Porque não hei-de ter o meu filho? Doeu-me. Eu queria que fosse o nosso filho, Maria do Céu. Mas não era. E, por isso, a minha decisão era inabalável. Aquela criança, filha, do ceifeiro da tua inocência, incosciente arma de arremesso da tua vida para os varais da desgraça, aquele filho de um latagão fértil e, pelos vistos, bem falante com as mulheres, não podia ver o sol amanhecer...

(continua)

Magalhães Pinto

SORRISO DO DIA

Há esculturas verdadeiramente dignas da Arte...

FRASE DO DIA


"Nasci e cresci num Portugal onde vigorava o medo. Contra ele lutei a vida inteira. Não posso ficar calado perante alguns casos ultimamente vindos a público."

Manuel Alegre - "PÚBLICO" - 25/7/2007

***

São de ouro, estas palavras. E falam muito mais sobre o excepcional carácter dele que tudo quanto sabemos - e é muito - do passado. E a comparação com Cavaco Silva - que tem estado calado - mostra quantas injustiças somos capazes de praticar com o nosso voto.

PERGUNTAS SEM RESPOSTA




Já se demitiu a Directora Regional de Educação do Norte?

PENSAMENTO DO DIA


"Contra o medo liberdade". Disse Manuel Alegre, hoje. Obrigado, Manuel. Vindo de ti, tem mais valor. E que pena! Se pudesse voltar atrás, trocava o meu voto nas presidenciais!... Votava em ti... Fico à espera do Partido...

24.7.07

A DUVIDA - 133º. fascículo

(continuação)

XXIV

Pagámos a intervenção logo à entrada, não fosse o diabo tecê-las. E fomos introduzidos numa sala de espera pobremente mobilada. Nem um jornal, nem uma revista, idosos que fosse, para atenuar a ansiedade. Estores envergonhadamente corriso a meia altura. Cinicamente, não pude deixar de pensar que era a antecâmara dos executados. Promíscua. Cinco ou seis mulheres, a tocarem-se com os cotovelos- Paenas Maria do Céu estava acompanhada. As restantes, solitárias, como se a geração de um filho condenado fosse o resultado, ele também, um momento de solidão. Ninguém olhava ninguém. A maior parte parecia encontrar no desenho do soalho, tacos geométricos e meio gastos já, um alvo de meditação transcendental. Uma das mulheres, mais atrevida, arranjara coragem para apreciar o estado das unhas. A todas o medo empalidecera as faces. Provavelmente, a primeira vez para todas.

(continua)
Magalhães Pinto

SORRISO DO DIA

A avó do Popeye está viva ainda...

PERGUNTAS SEM RESPOSTA




Será que o "Solitário" (criminoso espanhol preso na Figueira da Foz) se preparava para fazer uma OPA à Caixa de Crédito Agrícola junto à qual foi preso?

PENSAMENTO DO DIA

A Direcção Geral de Impostos exigiu o Pagamento Especial por Conta a milhares de contribuintes sem que tivesse base legal para isso. Por uma boa causa. Equilibrar a despesa crescente que o Estado vem fazendo, sem que os grandes especialistas que tenmos a governar o país façam nada para a reduzir.

FRASE DO DIA


"Acções do BCP caem pelo quarto dia consecutivo."

Título de "PÚBLICO" - 24/7/2007

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Palpita-me que ainda vão arrastar alguém na queda...

23.7.07

CRONICA DA SEMANA (I)


As eleições em Lisboa proporcionaram resultados que trouxeram, até ao universo político, algumas mensagens importantes. Mal irá se os actores políticos que temos no nosso país não lhes derem grande importância.

A primeira mensagem, mais imediata, foi a de os lisboetas não queriam que a Câmara tivesse caído. A recusa de comparecimento nas eleições de mais de dois terços dos eleitores diz isso com clareza. Se os eleitores lisboetas estivessem desejosos de que a anterior administração municipal tivesse sido posta fora, teriam comparecido, senão em massa, pelo menos em termos costumeiros na eleição da nova Câmara e não teriam feito do anterior presidente o verdadeiro grande vencedor da noite.

A segunda mensagem é, porventura, mais grave. Os resultados obtidos pelos candidatos independentes conjugados com o nível de abstenção retratam, de modo iniludível, o divórcio entre os eleitores e os partidos políticos. Uma situação gravíssima de descrédito na democracia. Situação que será muito difícil inverter. Modificar esta situação exigiria o aparecimento de um partido capaz de vender sonhos aos portugueses. E a situação do país é de molde a não permitir a existência de sonhos. Assim, provavelmente, estamos na presença de um divórcio para ficar. Para fechar o círculo, se estamos perante um divórcio sem remédio, como é que se mobiliza todo um povo para as tarefas ingentes que havíamos de realizar para ficarmos melhor? Uma pescadinha de rabo na boca, perante a qual quem está frito é o cidadão.

A terceira mensagem – num entendimento que o Partido Socialista se esforça por ocultar – é que o PS, não obstante ter ganho a Câmara, também foi um dos grandes derrotados da noite. Apesar de ter tudo a seu favor, teve menos 23% de votos do que nas últimas eleições autárquicas, nas quais foi derrotado. António Costa é o Presidente de Câmara com menos votos em relação ao universo eleitoral de toda a história da democracia. Atirar foguetes e cantar hossanas a uma vitória dita esmagadora é pura maquilhagem do que verdadeiramente aconteceu. Ganhou a presidência, mas não ganhou as eleições. De facto, apenas houve um vencedor absoluto – Carmona – e um vencedor relativo – Roseta. O resto são histórias que o tempo mostrará serem apenas contos para meninos.

A quarta mensagem é, talvez, a mais triste. O povo de Lisboa disse, com estridência, que não acredita em nada deste jogo. Nem no árbitro, nem nos jogadores, nem mesmo na bola. E se isto sucede na capital do país, onde o nível de educação política tenderá a ser mais elevado, que havemos de pensar sobre o resto do país?

Quatro mensagens. Quatro más notícias. Quatro pedradas atiradas para o charco da política. Um charco que os portugueses estão convencidos ter apenas água fétida. Não estou nada optimista relativamente ao futuro.

Crónica AS MENSAGENS - Magalhães Pinto - "MATOSINHOS HOJE" - 24/7/2007

A DÚVIDA - 132º. fascículo

(continuação)

Eu sabia que era estéril, Maria do Céu... Por isso, a minha mulher me repudiou, exigindo a separação judicial, terra boa incapaz de conviver com um mau semeador. Ainda ecoa em mim a sua expressão de desprezopela minha incapacidade geradora. Perdoa-me tê-lo escondido sempre, Maria do Céu. Quando quis dizer-to, já não era tempo. Já to afirmei e repito-o, a marcha dos acontecimentos não se interrompe, o passado não se reedita. Não sei se é bem ser assim. Quantas vezes penso em como poderíamos ter sido felizes se tivéssemos tentado emendar cada passo mal dado, cada atitude irreflectida, cada sentimento não peneirado pela razão e forçado pela vontade. Talvez etivéssemos hoje naquele apartamento da Ribeira, os dois, sentados no sofá, de mãos dadas, a ver crescer um bébé amoroso que um dia havia de me chamar pai. Porque não é necessário gerar alguém para ele poder ser nosso filho. Vê se consegues corresponder à minha coragem de te pedir perdão neste instante, Maria do Céu, com a cobardia de me perdoares. Um perdão para não te ter dito então que o filho a animar-se nas tuas entranhas era do Miguel. Um perdão para não ter encontrado, sequer e naquele instante, forças para não ter inveja dele. Perdão para ter ficado só a minha raiva por te ver transportar, sem ter sido plantado em ti por mim, o filho que eu tinha querido gerar- Melhor, a filha. Porque, enquanto não tive conhecimento da minha esterilidade, sempre tinha desejado que o meu primeiro filho fosse uma filha.

No dia aprazado para a realização do aborto, acompanhei Maria do Céu ao médico. Como se quisesse ter a certeza da destruição daquela criança invejada. Como se o meu ingénuo gesto de guerra conta a Vida me desse o direito de, qual medalhado general, ao entradecer da batalha. Jogando, no campo onde ela se desenrolava, uma Maria do Céu sem outro desejo que não fosse terminar aquele pesadelo.

(continua)
Magalhães Pinto

PERGUNTAS SEM RESPOSTA

Poderá Helena Roseta - que contraiu um empréstimo bancário avultado para fazer a campanha por Lisboa - pagar mais rapidamente o dito se fizer coligação com António Costa e assegurar algum pelouro?

PENSAMENTO DO DIA



Depois do tabaco, os puristas querem proibir agora o patrocínio da selecção nacional por uma conhecida marca de cervejas. Não tarda, teremos a selecção patrocinada pelas peras do Oeste.

FRASE DO DIA


"Há um nítido apoio ao aborto a pedido. Mulheres que querem fazer um aborto têm que ser atendidas em cinco dias, quando uma consulta de ginecologia pode demorar cinco meses."

Vítor Neto - Obstetra - "PÚBLICO" - 23/7/2007

***

Sinal destes tempos esquerdistas, por vontade do Povo. É mais urgente interromper uma gravidez do que tratar um cancro...

(Imagem de aprendeacomer.com)

SORRISO DO DIA

Relaxando, antes do prolongamento...

22.7.07

A DUVIDA - 131º. fascículo


(continuação)

Quando eu já tinha perdido toda a esperança de ver Isabel engravidar - ela não a perdera nunca - um médico recomendara a análise do meu esperma. Não era por nada. Nove em cada dez casos de infertilidade eram devidos a problemas femininos, como metabolismo incompatível, entupiemnto das trompas, por exemplo. Mas sempre era uma hipótese a ficar arrumada e pela vontade de Isabel, não se pensava mais nisso. Contrariado, mas pressionado pela vontade de Isabel, a seguir as recomendações médicas à letra, lá tinha ido ao laboratório. O macho ofendido a ferver em mim quase tinham tornado impossível o exame, por falta de erecção, no momento da masturbação necessária. Oito dias depois, o resultado chegou, pelas mãos de Isabel. Provavelmente, se ela não tivesse tido a diligência de ir por ele, eu não tornaria a entrar no laboratório.


(continua)
Magalhães Pinto

PERGUNTAS SEM RESPOSTA




A quantos cigarros fumados equivalerá o incêndio de pneus verificado em Ovar?

SORRISO DO DIA

Presidente dos U.S.A. na escola primária. Ainda não aprendeu a pegar no livro...

PENSAMENTO DO DIA



Já não é apenas nas tentativas de controlo da informação que este regime começa a ter semelhanças com o de antigamente. Lembrou Helena Roseta, ao chamar a atenção para o facto de o PS ter mandado buscar pessoas, de camioneta, para festejar a vitória de António Costa em Lisboa.

(Imagem de Wikipedia)

FRASE DO DIA (II)

"Portugal não deixa fugir cientistas lá para fora."

Mariano Gago - Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior - "PÚBLICO" - 22/7/2007

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Outra verdade. Vêm quase todos passar férias ao Algarve!...

FRASE DO DIA (I)


"O país precisa de aprender mais."

José Sócrates - "PÚBLICO" - 22/7/2007

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Claro! E tirar cursos superiores! Se possível de Engenharia...

POLANCO


Morreu, em Madrid, Jesus de Polanco. Uma das mais influentes e poderosas personalidades do país vizinho, poder assente na construção de um gigantesco império na comunicação social graças aos favorecimentos, amplamente retribuídos, de Filipe Gonzalez. Esses favorecimentos incluiram a destruição de meios não afectos ao presidente do PSOE, a sua entrega ao, ontem, milionário, alguns para este fechar. El Pais, Cadena Ser (radio), Televisão Cuatro, diário desportivo As, transmissão dos jogos de futebol em canal fechado e pago, contm-se entre os trunfos maiores do imério da Comunicação Social.

A sua influência política teve o seu apogeu no modo como os seus órgãos de informação trataram o 11-M (atentado terrorista nos combóios de Madrid), o que, no espaço de três dias, contribuiu decisivamente para uma derrota imprevista do PP nas eleições realizadas nessa mesma semana e para o regresso dos socialistas ao Poder.

A PRISA, sua holding, avançou para a internacionalização e um dos países visados foi precisamente Portugal, através da compra da Media Capital e do domínio do canal de televisão TVI.

O Grupo PRISA e o seu imenso poder para condicionar a opinião pública são um exemplo, simultâneamente preocupante e esclarecedor, de como um Partido detentor do Poder, pode condicionar para muito tempo a qualidade da Democracia, se decide mexer na Comunicação Social. Em Espanha, só restaram fora do controlo, o Grupo de informação da Igreja - COPE - e o periódico El Mundo, já que o próprio ABC, jotnal da direita espanhola, de algum modo se submeteu aos desígnios e ao poder de Polanco.

Veremos o que acontecerá, agora, ao império de Polanco. De um modo geral, os impérios não resistem à morte do imperador. E, ao morrer, esta história dá, mais uma vez, razão a uma máxima que ouvi a primeira vez da boca de Belmiro Azevedo:

"Tudo quanto fica verdadeiramente nosso, desde que nascemos até que morremos, é um fato e um par de sapatos".

21.7.07

DIO COME TI AMO - DOMENICO MODUGNO 1966

FRASE DO DIA (III)


"Sou verdadeiramente independente. Nunca ninguém fez tanto em dois anos como Sócrates."


José Miguel Júdice - "SOL" - 21/7/2007


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Está visto. Independente e desmemoriado. Esquece o Governo de Cavaco Silva (em redor de quem vegetava então), de 1985/7.

SORRISO DO DIA

Mr. Bean em bébé...