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16.7.07

A DUVIDA - 125º. fascículo

(continuação)

O animal despertara finalmente, com um ronco surdo de touro no cio. Miguel atirou-se a ela, de modo não muito diferente do que acontecera em Rala. Apenas desta vez ela não resistira. Sentira o peso do seu corpo esmagá-la. Sentira as suas mãos a percorrer-lhe a anca, até agarrar a fímbria da saia e puxá-la para cima, com violência. Deixara que ele lhe rasgasse as calças, arrancando-lhas das pernas erguidas para o alto, arrastando os sapatos. Sentira-o a desapertar a braguilha e a soltar o falo enorme, erecto de desejo, aquele falo que já a penetrara há séculos. Desta vez, sem nenhuma dor física, sentira aquele sexo enchê-la, humedecida duma excitação que, todavia, não era sexual. Ao sentir o jacto quente queimar-lhe as entranhas, olhara o tecto com um leve sorriso a bailar-lhe no rosto. Agarrara-o então pela primeira vez. Com os braços à roda do seu pescoço e as pernas firmemente cruzadas sobre as de Miguel. Não o libertou durante todo o tempo em que sentira o sexo de Miguel voltar lentamente à normalidade, tornando-se pequeno, flácido. Fora invadida por uma estranha sensação de alegria, ao lembrar-se de que era como se estivesse a sugar-lhe a virilidade, esvaindo-o do desejo de mulher para todo o sempre.

Lavara-se no bidé de esmalte existente num canto do apartamento, no qual havia uma pequena imitação dum quarto de banho. Tinham descido em silêncio. Recusara continuar a passear. Eram quase seis horas e recordara que eu devia estar a regressar ao hotel. Miguel tinha-a transportado até à esquina da rua do hotel, onde a deixara. Lembrava-se de ele lhe ter dito qualquer coisa como "se queres ficar aqui comigo" ou assim. Quase nem o ouvira. Cortrera para o hotel, preocupada com as horas. Não queria chegar depois de mim, para não ter explicações a dar.

O resto, eu já sabia. Por infelicidade, tinha ficado grávida. Mas como eu também tinha tido relações com ela naquele período, naquele mesmo dia até, não poderia saber nunca a quem pertencia aquela criança a germinar no seu ventre.

(continua)
Magalhães Pinto

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