(continuação)
Ao fim do segundo ano de casamento estéril, a pressão psicológica começara a ser grande. O corrupio dos médicos. As análises. As radiografias. Em vão, Não se conseguia encontrar defeito em Isabel. Os especialistas da fertilidade. Análises do metabolismo basal. Medicamentos destinados a facilitar a ovulação. A fertilização. Chegamos ao ritual diário de anotação da temperatura rectal, para determinar o dia exacto da ovulação. E, quando aquela subia o meio grau indicador, escoava-me no ventre de Isabel, semente lançada com a esperança do desespero. Insucesso atrás de insucesso. Crises de histerismo apoderavam-se dela e contagiavam-me. Já não fazíamos amor. Tentávamos emprenhar. A maternidade passara a ser uma obsessão. Por contágio, eu já baixava os olhos, envergonhado, sempre que, aos domingos, devia encarar a expressão interrogativa da minmha sogra. Começaram a aparecer as primeiras discussões entre Isabel e eu. Pelas razões mais fúteis- Propuz uma adopção. Recusou- Não aceitaria a infertilidade sem lhe conhecer a causa. E continuaram as cópulas despidas de sentimentos. Não passavam de constantes sementeiras desesperadas. À esoera que, de uma delas, surgisse o fruto desejado.
(continua)
Magalhães Pinto
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