Pesquisar neste blogue

24.7.07

A DUVIDA - 133º. fascículo

(continuação)

XXIV

Pagámos a intervenção logo à entrada, não fosse o diabo tecê-las. E fomos introduzidos numa sala de espera pobremente mobilada. Nem um jornal, nem uma revista, idosos que fosse, para atenuar a ansiedade. Estores envergonhadamente corriso a meia altura. Cinicamente, não pude deixar de pensar que era a antecâmara dos executados. Promíscua. Cinco ou seis mulheres, a tocarem-se com os cotovelos- Paenas Maria do Céu estava acompanhada. As restantes, solitárias, como se a geração de um filho condenado fosse o resultado, ele também, um momento de solidão. Ninguém olhava ninguém. A maior parte parecia encontrar no desenho do soalho, tacos geométricos e meio gastos já, um alvo de meditação transcendental. Uma das mulheres, mais atrevida, arranjara coragem para apreciar o estado das unhas. A todas o medo empalidecera as faces. Provavelmente, a primeira vez para todas.

(continua)
Magalhães Pinto

Sem comentários: