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15.3.07

A DUVIDA - 6º. fasciculo

(continuação)

O perfume exalado por algumas flores, de existência efémera, nunca será capaz de anular a náusea permanente das suas pétalas, depois de apodrecidas. Foram tantos actos sem sentido, tanto tempo gasto para chegar a nenhum lado, num falhanço completo, só possível pelo viver primeiro e sentir depois, no esquecimento de que o preço a pagar por tal modo de ser, incomportável, pode resultar agravado pelo juro agiota duma perene e dolorosa capitalização de autolamentações.

Por isso, me importa compreendê-la. Por isso, tenho de afastar de mim o culpado sentimento do devedor que bem não sabe o devido. Por isso e para isso, tenho de revolver, penosamente, a sua existência, de rememorar outra vez, e outra, e outra ainda, os acontecimentos vividos, tão partilhados.Ou será esta viagem uma ânsia de reencontro comigo próprio, por mais brutal que possa ser? Será assim tão difícil apontar o indicador ma direcção do nosso peito, se fôr necessário?

(continua)

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