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21.3.07

ANTONIO LOBO ANTUNES NA CASA DE TIAS


António Lobo Antunes. O grande escritor portugues. O génio que só escreve para génios. O quase Prémio Nobel. O Prémio Camoes da nossa Língua. Ao fim da tarde. No programa "Pessoal e Transmissível", de Carlos Vaz Marques, na Antena Um. Ainda nao eram oito da noite. Ia eu de regresso a casa, ouvindo o estimável programa a entrevistar o Prémio Camoes. A certa altura, a preciosidade do génio:

- Já nao sei quem foi que disse que a alma de uma pessoa é como uma casa de putas, com muitos quartos.

Eu nao sabia que alguém tinha dito. Fiquei a saber. António Lobo Antunes, o génio. Com expressoes que só aos génios se permitem. No banco de trás, a minha sobrinha, de sete anos. Atenta. Dá atençao a tudo. E a pergunta inevitável:

- Ó tio, que sao putas?

Nao se deve mentir às crianças. Eu menti. Pela metade. Do melhor modo que encontrei.

- Sao mulheres que trabalham na rua, de noite...

Isso desencadeou raciocínios na criança.

- E as putas nao gostam dos filhos para adormecer e dar leitinho?

E eu cada vez mais enrascado (que o génio de perdoe o plebeísmo, mais grave do que o dele, porque eu nao sou génio).

- Sim, minha querida...

Eu bem aumentava o volume do som, procurando escapar. Mas já sabem como sao as crianças. Nao descansam enquanto nao satisfazem toda a sua curiosidade.

- E que fazem os filhos das putas, tio?

Por esta altura eu já tinha perdido a cabeça. E nao resisti à resposta que me bailava no pensamento.

- Ó querida, alguns deles escrevem livros...

Felizmente, tínhamos chegado a casa.

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