. . . OS SINAIS DO NOSSO TEMPO, NUM REGISTO DESPRETENSIOSO, BEM HUMORADO POR VEZES E SEMPRE CRÍTICO. . .
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8.4.07
CRÓNICA DA SEMANA (I)
Os autores genuínos têm muito cuidado com o que escrevem. Têm sempre presente a possibilidade de estarem a decalcar algo visto ou lido algures. Porque um dos "crimes" mais hediondos entre autores é algum deles plagiar as ideias ou as palavras de outrem.
Pois bem. Na última semana, o jornal "Matosinhos Hoje" trouxe uma crónica assinada por Narciso Miranda, na coluna "Notas Soltas", sob o título "Carta a Sua Excelência Prof. Doutor António Oliveira Salazar", que é, na sua maior parte, descaradamente, despudoradamente, um duplicado, não apenas nas ideias mas também em numerosíssimas frases inteiras, de um artigo publicado na Revista "Única", do "Expresso", edição de 30 de Março de 2007, de autoria de um jornalista do mesmo semanário, chamado Henrique Monteiro e que assina como Comendador Marques de Correia.
Só para dar um ou dois exemplos - porque são tantos e tão grandes que não caberiam aqui - atente-se nesta frase assinada por Narciso Miranda:
"Senhor Presidente, gostaria de avisar V. Exa. que, daqui a cerca de quarenta anos, a RTP, a nossa televisão…vai organizar um concurso no qual V. Exa. vai a votação para se saber quem é o maior português de sempre… Não é aceitável colocar a dúvida se V. Exa. é ou não o maior português de todos os tempos. Nós temos a garantia de que V. Exa. vai ganhar sem equívocos a votação. No entanto, consideramos subversivo que alguém admita que o maior português possa ser outra pessoa qualquer como, por exemplo, Afonso Henriques, Fernando Pessoa ou Marquês do Pombal."
E veja-se esta de Henrique Monteiro publicada quase uma semana antes:
"Senhor Presidente, venho por este meio avisar Vexa. que daqui a 50 anos a RTP, que com tanto labor fundámos, irá organizar um concurso no qual V. Exa. será posto à votação para se aferir se é V. Exa. um dos maiores portugueses de sempre… Ao colocar a dúvida se V. Exa. é - ou não - o maior português (e temos garantias de que Vexa ganhará, sem espinhas, a votação) somos forçados a admitir que o maior português pode ser outro qualquer, incluindo pessoas como o Marquês de Pombal ou mesmo o poeta Fernando Pessoa, o que seria manifestamente subversivo.".
Ou ainda esta frase de Narciso Miranda:
"Embora com a certeza de que Vexa. ganha, o modelo seguido pela televisão é errado e uma vitória neste modelo pode ser uma derrota a prazo. Não serve de nada Vexa ganhar o concurso se, com o mesmo modelo e os mesmos princípios, se pode perder no país.".
E coteje-se com esta de Henrique Monteiro:
"Ainda que a RTP e mais as claques organizadas por não se sabe quem nos dêem garantias de que será - indubitavelmente - Vexa, Senhor Professor, o vencedor do certame... acho que devemos impedir a sua realização sem qualquer dúvida. Há princípios de que se não abdica em nome de uma vitória. E há vitórias que se tornam, a prazo, em autênticas derrotas. De que nos serve vencermos um concurso se os mesmos princípios nos podem fazer perder um país?".
Há mais. Mas já chega. Face a esta dupla de artigos, palavras para quê? Um deles - ou Henrique Monteiro ou Narciso Miranda - é um grande artista português. A não ser que trabalhem em parceria - o que em nenhum sítio é dito - ou o Henrique, que publicou primeiro, teve acesso ao computador de Narciso; ou Narciso, que publicou depois, fez da crónica do Henrique mais de metade da sua. Sem citar a fonte. E, se assim for, um deles cometeu um "crime" que, geralmente, leva à proscrição como autor e à não aceitação de mais trabalhos para publicação, a não ser no boletim paroquial.
Crónica PLÁGIO - Magalhães Pinto - "Matosinhos Hoje" - 10/4/2007
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