(continuação)
Cada vez mais se acentuou o isolamento de Maria do Céu. De casa para a igreja, da igreja para o campo e do campo para casa, ninguém a via noutra função ou em qualquer companhia. De início, estimulado pela recusa da desfolhada, ainda o Miguel ensaiara chegar a fala mais íntima com ela. Sem êxito. Sempre Maria do Céu encontrava modo de lhe trocar as voltas e escapar-se ao diálogo. Por fim, também ele começou a olhá-la de soslaio, furtivamente, enquanto, na venda do largo, suportava dos outros graçolas zombeteiras e comprometedoras das suas qualidades de macho, entre dois mata-bichos e uma jogo de malha, tudo condimentado por comentários maledicentes, a deixarem as qualidades femininas de Maria do Céu pelas ruas da amargura.
Foi, provavelmente, o ego masculino do Miguel, amachucado e acirrado pelo desdém brincalhão dos parceiros, que o levara a contribuir, em dose maior, para o futuro de Maria do Céu. Era Setembro e Maria do Céu fora, pelo fim de tarde, como habitualmente, apanhar verduras para os coelhos. Miguel seguira-a à distância; sabia para onde ela ia e não precisava apressar-se. Os dezanove anos da rapariga estavam carecidos duma ensinadela e de sentir o cheiro dum verdadeiro homem bem perto das narinas! Deixá-la provar, uma vez, o vigor dum rapagão como eu e veremos se não fica avezada!...
(continua)
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