(continuação)
A força de Maria do Céu, a sua aversão ao sexo, ampliadas pelo temor da perda, para sempre, da derradeira esperança de salvação, constituiram, mesmo assim, escassa resistência face à violência, exacerbada pelo desejo, daquela montanha de músculos afeiçoados pela enxada. E o sol poente desse dia colheu, no regaço dos seus raios, o gemido doloroso marcante da definitiva transformação de Maria do Céu em mulher.
O nojo da violação emudeceu-lhe os queixumes, no regresso a casa. Às escondidas, lavou a saia interior das nódoas avermelhadas, que a conspurcavam. A partir da camioneta das três do dia seguinte, ninguém mais viu Maria do Céu na aldeia.
Algum tempo depois, foi o carteiro, vindo da vila duas vezes por semana, o portador da novidade. Deixou em casa dos pais de Maria do Céu uma carta, com o nome dela, por remetente, e a sigla duma pensão qualquer no Porto, por endereço.
(continua)
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