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14.7.07

A DUVIDA - 123º. fascículo

(continuação)

Não sabia aonde fora.Chegaram a uma porta larga. Miguel estacionara o automóvel quase em frente dela. Sairam. Abrira, automaticamente, o trinco tocando uma espécie de campaínha. Entraram num pátio cheio de vasos com plantas e flores, com várias outras portas- Tivera a vaga sensação de se encontrar numa roleta, onde o número escolhido daria ou não lugar à saída para a liberdade. Subiram umas escadas até ao que lhe pareceu serem umas águas furtadas. Olhou involuntariamente para o tecto do edifício, como se esperasse ver uma clarabóia semelhante à da pensão de Antero de Quental. Perdera a noção dos degrais. Tudo aquilo era um sonho- Ou um pesadelo. Não estava a acontecer com ela. Tudo nela gritava para dar mei volta e fugir mas, como nos sonhos, as pernas não lhe obedeciam. Uma estranha excitação vinha-se apoderando dela, em crescendo, desde a entrada para o automóvel do Miguel, ao deixarem o restaurante, na véspera. Desejava voltar à Rala, àquele dia fatídico.

(continua)
Magalhães Pinto

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