(continuação)
No regresso à escola, já em Lisboa, aprofundou as confidências com a sua companheira de carteira de sempre. Aproveitou do recreio para uma escapadela ao banheiro. E tão pormenorizadamente quanto foi capaz, contou-lhe o que vira, o que fizera e o que sentira. Mais sabida, a companheira ensinara-lhe as primeiras letras com que se escrevia num corpo de mulher a despertar. Lição complementada com um livro trazido de casa às escondidas, daí a dias, cheio de imagens. Coração posto em galope pela consciência da violação do proibido, tentavam reproduzir o que viam nas imagens. Esbaforidas, inventavam as desculpas mais pueris para justificar o atraso permanente com que chegavam a cada uma das aulas seguintes. Puerilmente, as freiras acreditavam. Ou fingiam acreditar.
(continua)
Magalhães Pinto
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