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28.9.07

OS HERÓIS E O MEDO - 38º. fascículo

(continuação)

Ficou a saber quem era a família de Rafaela. Uma daquelas a quem nada faltava. Mamã em casa a tratar dos filhos, com todo o conforto, alguma padeira ainda para ajudar. Papá oficial superior do exército, a assegurar que nada mudasse na organização daquela sociedade injusta. E o mano a imitar o papá, para eternizar a situação. Pois. Não era bem assim. O mano estava preso. Mas era militar na mesma. E se o deixassem, pegaria outra vez em armas para matar os que apenas queriam uma pátria. A partir daí, não conseguia separar do prazer sentido, em cada momento de posse, a satisfação íntima vagamente associada à sensação de estar a recuperar algo de seu, indevidamente roubado. Quando lhe mordia os seios, sentia-se como um cordeiro a abocanhar lobos domesticados. Especialmente o irmão de Rafaela, para ele já o símbolo duma eternidade indesejada.

(continua)
Magalhães Pinto

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