
(continuação)
Zé António concluiu a primária com distinção. Era brilhante. Devorava os ensinamentos, fossem eles do professor ou dos livros, com a raiva enraizada na sem parança da mãe. E o brilhantismo valera-lhe o interesse do professor. Tinham sido longas as conversas entre este e a Jacinta, mais avezada a ver o filho trabalhar, para ajudar, do que vê-lo feito doutor de livros debaixo do braço. É uma pena perder-se este rapaz! Você tem que o deixar continuar! Anda para aí tanto calaceiro a fazer que estuda! É um crime abandonar um miúdo assim esperto! Não se aflija, mulher, que a escola à noite é quase de graça! O pior são os livros. Mas, com um bocado de sorte, da Previdência sempre poderia vir uma ajudazita. Sabe, há umas bolsas de estudo. São pequeninas. Mas sempre ajudam. E o professor lá conseguira a solução de compromisso. Escola à noite e tempo para trabalhar durante o dia. Tudo junto, a mãe acabara por ser convencida.
(continua)
Magalhães Pinto
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