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10.9.07

OS HERÓIS E O MEDO - 22º. fascículo

(continuação)

A Rafaela, já chegou a casa? Ainda não. Aquela filha ainda havia de dar-lhe problemas. Uma estouvada. Uma rebelde. Quando ela chegar previne-me. Não gosto de saber que ela anda a altas horas na rua, nestes tempos perturbados. Até já... espero.

Reclinou-se na cama austera, de ferro, por cima dos cobertores. E fez as suas orações, adiantando serviço.


III

Outra vez só. Sina daqueles tempos de guerra. O marido só no quartel. O filho só, no forte. Ela só, naquele casarão. A estouvada da filha devia estar acompanhada pela alienação desses dias sem horizonte para a juventude. Os soldados sós, lá longe, perdidos num matagal que não cheirava a pinheirais. Os governantes sós, sisudos, a ditarem ordens para um povo solitário, conformado, abúlico, a chorar ausências no recolhimento silencioso das noites. Pesava-lhe um país inteiro, toda aquela solidão.

(continua)
Magalhães Pinto

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