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13.3.11

OS PORTUGUESES - XXXVI


"É tentador e frequente apresentar os anos decisivos do reinado de D. Sebastião como a história de um príncipe que, na perseguição das suas miragens, arrastou a fina flor da fidalguia para a morte e para o cativeiro, antecâmara do inexorável desaparecimento da autonomia do seu reino, engolido pelo vizinho todo poderoso. Essa imagem, algo caricatural, não serve para explicar como foi e porque foi que a persecução da vertigem marroquina arrastou tanta e tão distinta gente.

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O curto ciclo que culminaria em Alcácer Quibir parece ter principado por volta de 1572, quando os ecos de Lepanto se ouviam com vigor e o rei falava em deslocar-se ao Algarve.

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A partida de Lisboa em direcção a Marrocos de um exército que contaria com 17.000 homens, dos quais 1.500 de cavalaria, e com um apreciável número de peças de artilharia não deixou de se revestir de imensa pompa. Muitos esperavam uma jornada triunfal e festiva, benzida pelo estatuto de combate aos infiéis... A batalha, da qual subsistem muitas e desencontradas narrativas, teve lugar a 4 de Agosto e saldou-se numa completa derrota das forças portuguesas, cercadas pelos seus opositores e vencidas, ao que se diz, pela impreparação, pela desigualdade numérica e pela deficiente utilização da artilharia. De acordo com algumas das divergentes descrições da batalha que se conhecem, apesar da bravura demonstrada por D. Sebastião e por muitos dos que o acompanhavam, o rei terá falecido no campo de batalha, tal como cerca de metade dos efectivos do seu exército, entre os quais muitos fidalgos destacados. Para além do supodto cadáver do rei, que foi resgatado em Ceuta em Dezembro de 1578, ficaram cativos alguns milhares de soldados e centenas de fidalgos. O reino mergulhou na maior consternação, pois sabia-se que o reinado do cardeal-infante seria um intervalo antes de outra solução mais definitiva."

(Fonte: História de Portugal, coordenada por Rui Ramos)

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