Ao conhecer a história que aqui se conta, senti um impulso irresistível para a colocar neste meu blog. A Humanidade tem necessidade de conhecer histórias tais para continuar a acreditar em si mesma...
Um só planeta,
dois mundos tão distantes...
A Terra produz o suficiente para todos...
Porém, há tantos que despertam e adormecem com fome...
Políticos, de um partido qualquer, comemoram uma vitória qualquer,
numa eleição qualquer...
Cada vez mais imersa em escândalos, falcatruas e no seu eterno teatro de vaidades, a política partidária se distancia cada vez mais daqueles a quem deveria servir: o povo...
As bolsas de valores comemoram os crescentes lucros obtidos com rentáveis ações. É a festa dos ricos, cada vez mais ricos...
Enquanto isso, no outro extremo, a vã espera por qualquer resto, migalha ou sobra que possa atenuar a fome... Que cruel abismo é este que construímos...?
De um lado, o consumo desenfreado,
E do outro, nada para consumir...
Como a vida é frágil, se a abandonam...
Separados pelo abismo, dois mundos diferentes:
- de um lado, o nosso mundo, o dos abençoados pelo destino;
- do outro, o triste mundo da grande maioria de excluídos, esquecidos, ignorados pelo destino...
Enquanto a maioria prefere ignorar o que se passa do outro lado do abismo, existem - ainda bem - aqueles que enxergam além, se preocupam, e tentam construir pontes. E uma destas pessoas se chama Angelina, ‘pequeno anjo’ em italiano.
O que leva uma jovem actriz a abdicar de todo conforto, e viajar meio mundo para aliviar, com seu abraço, um coração entristecido...? O garoto africano, de sete anos de idade, traumatizado pelos muitos conflitos tribais que já presenciou, vive excessivamente agitado, motivo pelo qual sua família o mantém amarrado o tempo todo. Durante a visita, diante do carinho e do abraço, aquietou-se...
Há sete anos envolvida em trabalhos humanitários, Angelina Jolie conta que, nos primeiros dois anos, chorava continuamente durante as viagens. Hoje, diz que aprendeu a controlar melhor o sentimento de desespero diante de tamanha miséria e que busca meios que viabilizem uma solução para os muitos problemas encontrados. Como Embaixadora da Boa Vontade das Nações Unidas, ela tem percorrido dezenas de países: Chade, Costa Rica, Índia, Paquistão, Líbano, Sudão, Tailândia, Sri Lanka, Tanzânia, Equador, Namíbia, Camboja, Serra Leoa, entre outros.
Na foto acima, em Nova Delhi, Índia, durante uma visita a crianças refugiadas afegãs.
Angelina foi a primeira pessoa a ser agraciada com o título de “Cidadã do Mundo”, conferido pelas Nações Unidas. Angelina Jolie foi escolhida pela revista Time como a segunda mulher mais influente do globo. Além de emprestar sua imagem e doar seu tempo e dinheiro a refugiados e órfãos, ela procura levar a realidade que vivencia nas suas viagens até aos líderes mundiais e governantes dos países ricos, propondo soluções e cobrando acções. Segundo a reportagem da revista Time, doa um terço de seus rendimentos em prol das causas humanitárias. Chama a atenção do mundo para as causas humanitárias, envolvendo-se intensamente em cada projeto. Também tem os seus riscos. Enquanto visitava Angola, juntamente com a Unicef, após a guerra em 2002, foi contaminada gravemente pela malária, chegando a quase perder a audição. Na época, ao comentar o episódio numa entrevista, afirmou:
- Existem alguns riscos que são dignos de serem corridos; porém, o medo de riscos é indesculpável. Você tem que defender aquilo em que você acredita.
Numa outra entrevista, ela afirma que durante a adolescência era um tanto rebelde, e que não conseguia imaginar-se constituindo família algum dia. Acrescenta que a oportunidade de colaborar para uma causa mais nobre mudou toda a sua maneira de ver a Vida.
“O que eu tenho feito tem-me dado uma nova perspectiva e tem-me levado a descobrir um outro mundo, de dor e medo. Chegar até ao próximo conduziu-me a uma vida com significado”.
Com Maddox, um de seus três filhos adoptivos. Certa vez, interrogada por um jornalista sobre as suas motivações humanitárias, respondeu:
- Gostaria que Maddox se recordasse de mim não apenas como uma actriz que actuou bem e que, por isso, ganhou prêmios, mas também como alguém que se preocupou com os outros e que fez, ou que pelo menos tentou fazer, com que o mundo fosse melhor para os outros.
Angelina representa este momento de ressaca e digestão dos tempos de excesso, em que questões antes tidas como públicas se tornaram responsabilidade pessoal.
Sexy sem ser vulgar, Angelina concentra a versatilidade do papel feminino contemporâneo. Suas mil faces não deixam espaço para a imagem certinha. É o novo tipo de celebridade. Enfim, uma heroína de carne e osso.
Uma heroína com os olhos voltados para o mundo real, que ela tenta melhorar com compaixão e bravura. Guerreira e frágil, a diva ambígua constrói, com um velho coração maternal, uma nova família multiracial.
Os prémios, o Oscar e o Globo de Ouro que ela acumula, os filmes e os festivais... Tudo isso passará... Porém, o amor, a solidariedade, a generosidade e a compaixão não... São estes os bens eternos, que, para sempre, acompanharão aqueles que os manifestam...
"Felicidade é a certeza de que a nossa vida não está se passando inutilmente."
Erico Veríssimo
OBRIGADO ANGELINA
(Trabalho devido, em grande parte, a
um_peregrino@hotmail.com)
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